domingo, 19 de abril de 2009

Das mãos escritoras... À vida vivente.

Deixei de escrever tantas linhas no papel. E passei a escrever outras linhas na vida. Talvez.
Engraçado como sinto falta dessas linhas que, agora passadas a limpo, parecem retas. No papel são sinuosas, talvez porque fecho os olhos quando escrevo coisas ad’intra.
Nem sei exatamente o que importa nisso tudo. Ou se tudo importa. Mas acho que sim... Esse tudo é, senão, a importância de cada coisa.


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Eu continuo encantada pelos gestos de acolhida que a vida nos dá... Gestos que vivificam. Uma mão por sobre a outra. Um abraço de saudade – quantos dias esperei! Um “cheiro” nos cabelos. Um vinho dividido na xícara – porque é em algo assim tão simples que as belezas mais escondidas se revelam. São toques que, de tão belos e carinhosos, fazem soerguer nos poros flores.

Eu nem sei mais quão divinos são esses acontecimentos pequenos, mas tão cheios de vida. Para alguns, são rotineiros. Mas para mim são sinal de graça. Cada gesto revelador de um carinho ímpar é uma ação de graça. Uma doação, um encontro. Sobretudo, um encontro bonito e feliz.

Não me preocupo em estabelecer relações de continuidade nestes parágrafos. Talvez, nem em outros que escreverei, a não ser que sejam textos científicos. Cada parágrafo é um estímulo, uma idéia, uma sinestesia. Diferentes, mas iguais... Mantém a mesma essência, esta que se encontra no fundo dos meus olhos, mesmo quando minhas palavras são avessas, contraditórias, por vezes. Deixo sentir.

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Antes eu precisava escrever para saber como seria viver. Agora, penso: preciso viver para, quem sabe, entender se sei escrever. Porque o texto mais misterioso e encantador a ser escrito é a própria VIDA.