quinta-feira, 8 de maio de 2008

A poesia que, agora triste, mesmo assim vai de flor em flor.

Não sei para onde olhar. A espada está tão suja de sangue... Cheia de coágulos que tantas lágrimas ainda não deram conta de limpar.
Sinto-me como um rio represado, numa tensão que corrói suas margens, suas barragens, e atiça seus peixes e toda vida que há em seu leito.
Caminhei tanto, passei por tantos vales sombrios com a espada na mão, lutando bravamente, matando os Orcs. Senti o gosto amargo e o cheiro do sangue deles respingado em meu rosto. Tudo... Tudo eu suportei. Com a espada sempre digna. Porque agi com verdade. Porque fiz do meu coração o escudo.
Sinto que acabei a luta sozinha. Não sei se perdi ou ganhei. Não sei se isso importa.
Meus olhos incham e marejam por não saberem para onde olhar. E os pés doem por não saberem para onde ir. As sandálias têm os solados gastos, os pés estão expostos aos espinhos. As panturrilhas pesam, confessam aos pés cansaço. E os joelhos é que mantêm o corpo, de alguma maneira, sustentado. Mas também com dor. Eu preciso de ajuda para andar. Não consigo caminhar agora. A dor dos joelhos não permite o movimento. Todos os guerreiros passam e dizem: força, continue, você agüenta. Mas nenhum deles me estende os braços para que eu possa iniciar outra caminhada ou prosseguir.
E passam ventos cheios de folhas e ciscos da natureza ali presente, neste outono... Entram nos meus olhos os ciscos. Tornam-os mais vermelhos e caem mais lágrimas. Molham meu pescoço, o peito, caem no chão seco.
Falta comida na bagagem, falta agasalho para o frio que vem, falta querosene para acender o fogo.
Lutei tanto. A luta árdua. Vigorosa. Majestosa. E para nada nem de nada valeu.
Sinto-me derrotada. No momento mais difícil, sozinha. O vento da floresta é frio, seco. Cheio de poeira.
A lua se escondeu com sua luz tímida e não me doa seu brilho. O sol parece não se lembrar de mim. As flores desabrocharam e viraram-se para o outro lado.
Não vejo a luz... Temo o próximo passo. Temo o próximo lugar.